Os moradores do bairro Rosa Neto viveram neste domingo, (27/08/2015), um evento religioso marcado pela fé, alegria e respeito à diversidade. A procissão saiu no final da tarde com crianças vestidas de anjo, devotos que se revezavam para carregar os andores, cuidadosamente enfeitados por Dona Zilda com a ajuda da comunidade, os integrantes do terno de Reis São Sebastião, com seus instrumentos musicais, e os romeiros, de longe e de perto, que vieram agradecer, fazer seus pedidos ou simplesmente renovar sua fé em Nossa Senhora das Graças e nos Santos Cosme e Damião. Por onde passava, o cortejo atraia os olhares de homens e mulheres de todas as idades que fotografavam, aclamavam e, algumas vezes, se misturavam ao grupo e seguiam cantando.
No retorno ao santuário, fomos agraciados com um banquete preparado por Dona Zilda e suas fiéis colaboradoras de cozinha. Certamente, a mesa estava do agrado dos irmãos Cosme e Damião. Além da comida farta, tínhamos doces variados e um grande bolo de festa. E a mesa foi totalmente ocupada pelas crianças e pela presença luminosa de Dona Lindaura, memória viva da força da tradição que partilhávamos naquele momento. Ao redor da mesa, uma pluralidade de vozes, como que ensaiada, entoava o Reis de São Sebastião e de Cosme e Damião. Em seguida, foi servida uma saborosa comida para todos, inclusive aos que iam chegando atraídos pela energia do samba de couro.
Enquanto isso, as crianças e alguns adultos se preparavam para abrilhantar a noite enluarada do Rosa Neto e mais uma vez tomar suas ruas. Agora, eram todos índios ou índias que, cantando sob o comando de Carlinhos, seguiam o destemido vaqueiro e o Boi Duro. Mais uma vez os olhares dos moradores focavam a multidão, agora mais barulhenta e tocando um Boi. No retorno, encena-se a partição do boi e, para alegria das crianças, o caçador enfrenta seres míticos poderosos, como a Maria Manteiga e o Pai da Mata. A noite encerra-se com o animado samba de couro e a certeza de que, se Deus quiser, estaremos juntos no próximo ano.
Agradecemos imensamente à Dona Zilda e sua família pela acolhida e por partilhar tantos ensinamentos.
Texto. Vanusa Mascarenhas