Ao som de tambores improvisados e munidas de faixas e bandeiras, cerca de 35 mil mulheres, segundo estimativas da Polícia Militar do Distrito Federal (PM/DF), participaram, na manhã desta quarta-feira (12/8), em Brasília (DF), da 5ª Marcha das Margaridas. A passeata, considerada um dos maiores movimentos pelos direitos das mulheres, teve início por volta das 8h, no estádio Mané Garrincha, e seguiu até o Congresso Nacional. O Ministério da Cultura apoia o movimento.
Alessandra Nunes, uma das principais coordenadoras da marcha, puxava a passeata e participava pela quinta vez do movimento. "Nosso objetivo é dar visibilidade às principais reivindicações das mulheres. Uma delas é a luta contra a violência, que é um grito de norte a sul do País, que unifica as mulheres", afirmou.
A pauta das reivindicações da passeata é ampla e inclui aspectos sociais, econômicos e políticos. Alguns dos pontos levantados foram a reforma agrária, garantia dos direitos das mulheres, educação de qualidade no campo, crédito fundiário, garantia e respeito pelos direitos das mulheres, luta contra intolerância e racismo, fortalecimento da agricultura familiar e da democracia brasileira.
Por volta das 10h45, as "margaridas" chegaram em frente ao Congresso Nacional onde realizaram ato de protesto ao Congresso e viraram de costas para ele. Do carro elétrico, "buscavam dar um recado" aos parlamentares. "Este Congresso não nos representa, repudiamos o latifúndio representado pela bancada ruralista. Repudiamos os golpistas, achistas e antidemocráticos. Queremos garantir a continuidade da democracia para que o Brasil não retroceda. Viva a luta das mulheres brasileiras, a marcha segue por todos os dias das nossas vidas", disseram.
Mobilização
A marcha ocorre aproximadamente a cada quatro anos, sempre no mês de agosto, em Brasília, em homenagem à defensora de direitos humanos Margarida Alves, assassinada na década de 1980. O crime foi considerado político e comoveu a opinião pública nacional e internacional, com ampla repercussão em vários organismos políticos de defesa dos direitos humanos.
A paraibana Isa Soares de Oliveira, 60 anos, filha de agricultor, conheceu Margarida. Pela quinta vez, participou da passeata. "Admiro sua história de vida. É uma história linda. Era uma sindicalista rural (que lutava por direitos humanos) na década de 1970, imagine isso, naquela época", comentou.
A agricultora Claudineia Alves de Souza, 31 anos, viajou por dois dias desde Rondônia para participar da marcha. "Vim participar em defesa das mulheres do campo, das águas e das florestas. Queremos mais educação, saúde e segurança. A violência é um problema que enfrentamos há alguns anos, onde moro não há delegacias para mulheres", lamentou.
Para a professora Lindalva Almeida, 34 anos, vinda do Maranhão, era a primeira vez na marcha. "Vim reivindicar mais educação. Faltam matérias, professores e há defasagem de alunos", contou.
Além da marcha, na tarde desta quarta-feira, está previsto ainda um encontro, às 15h, com a presidenta Dilma Rousseff, no Mané Garrincha.
Cecilia Coelho
Assessoria de Comunicação
Ministério da Cultura