Você conhece a história do acarajé? Ela veio da África sim, do Golfo de Benin. A palavra acarajé vem do iorubá: akará + jé. Akará significa bola de fogo e jé significa comer. Então, ao pé da letra, nosso acarajé significa "comer bola de fogo". E só presta assim: bem quente. Mas essa história de pedir um "acarajé quente" significar pedir com pimenta, sinceramente, eu não conheço a origem. Desde que me entendo por gente, como bom baiano que sou, nunca usei a expressão "acarajé quente" pra pedir que coloque pimenta. E também nunca ouvi nenhum amigo ou familiar baiano usar. Realmente, me causa muita estranheza ouvir isso em reportagens na televisão. Mas, vida que segue. Prefiro me ater à beleza cultural que está associada à essa iguaria. Sabe porque as Baianas do Acarajé surgiram? Porque a comida era utilizada em rituais de Candomblé, ofertada para Iansã. Depois passou a ser vendida nas ruas pelas ganhadeiras para sustentar os terreiros. As ganhadeiras eram ex-escravizadas que sabiam preparar o acarajé e vestiam a indumentária típica dos rituais sagrados. Foi assim que a Baiana do Acarajé e o próprio acarajé ganharam sua cara e alma baianas e se consolidaram como patrimônio imaterial da Bahia e do Brasil. Quando for comer o próximo acarajé, envie um pensamento de gratidão a todas elas e ao povo negro que veio da África escravizado, mas apesar de todo sofrimento, conseguiu deixar na história e na cultura da Bahia um legado inestimável na gastronomia, nas artes, na música, na religião, na cultura. Viva o nosso acarajé! (Texto de Louti Bahia da @amoahistoriadesalvador ).